sábado, 10 de abril de 2010

Pelo Centro...



Hoje, passeei meus passos por caminhos conhecidos.
E pousei meus olhos onde nunca vi.
A cidade, vazia de pressa, estava mergulhada na simplicidade de um cenário.
Dava até para se ver o céu. Azul, azul!
Os prédios, em seus mais variados estilos, misturavam, pacificamente, o feio e o belo, ressaltando cores ocultas.

Entrei em várias igrejas. Algumas que jamais imaginei existirem aqui!
Nossa Senhora da Boa Morte, me transportou a Paraty. Ou a Ouro Preto? Os santos, assustadoramente coloniais, com cabelos humanos sobre o cetim colorido. Teto pintado na madeira desbotada. E pequenos altares laterais com ares de luxo emprestado.
Um arrepio percorreu-me o corpo. Incomoda-me o silêncio das velhas igrejas. Penso em tantos que antes ali estiveram, cheios de fé e de sonhos, como eu.

Na antiga Rua da Forca, vi crianças brincando. Na Rua do Tesouro, mendigos enrolados em seus cobertores pardos tentavam dormir pelas calçadas.
Na rua do Carmo, uma boneca velha, pendurada num fio de eletricidade, dançava semiviva ao som do vento.

Um homem de meia idade passou de mãos dadas com a namorada desengonçada, de cabelos ainda úmidos. Ele carregava um guarda chuva marrom comprido, que ia batendo pelas paredes dos prédios e postes, como a conferir um a um.

As portas dos estabelecimentos estavam cerradas, mas havia um bar aberto, com um rádio sobre o balcão, tocando uma música brega, que me deu vontade de dançar.

Ao longe, um cachorro magrinho e, mais adiante, um homem puxando uma carroça.

Um sentimento imenso de ternura me desvendava outra São Paulo, de poesia esparramada sobre o concreto cinzento.
Não tive mais medo de andar por ali...

Voltei para casa de metrô.
E feliz!


(Rabisco feito durante passeio pelo Centro de São Paulo, na tarde deste sábado)

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