domingo, 13 de junho de 2010

Direções

Percebeu que, lá no fundo do vagão, o homem charmoso, de pulover azul, não parava de observá-la.

Num gesto de timidez quase coquete, ajeitou os cabelos e baixou os olhos, satisfeita.

Era muito bom saber que ainda provocava olhares, em plena maturidade.

Quando desceu na estação de sempre, ela notou, com o coração palpitante, que o sujeito tomara a mesma direção.

Fingindo desinteresse, tratou de controlar os passos, cadenciadamente, até deter-se, no aguardo do sinal de pedestres.

O homem aproximou-se de mansinho e, oferecendo-lhe um cartão, disse a ela, sem nenhuma cerimônia:

- Tia, quando precisar de cortinas, almofadas, capas para sofá, reforma de estofados em geral, dá uma ligadinha para a gente, tá?

E, sorridente, ele continuou seu caminho.

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