domingo, 13 de junho de 2010

Limpezas

Pousou o garfo sobre o prato e baixou o olhar.
O insuportável silêncio que se instalou à mesa denunciava que ele não estava brincando.
Como era possível, meu Deus, depois de tanto tempo, imaginar-se sem ele?
No restaurante, as pessoas ao redor sorriam e conversavam alegremente, alheias ao sufocante turbilhão prestes a explodir em sua garganta.
Quando, mecanicamente, procurou algo para levar à boca, o copo de vinho inundou-lhe a roupa clara.
Sozinha, no toillete feminino, enquanto tentava, sob a água corrente, recuperar a blusa manchada, deu-se conta de que suas lágrimas, por mais copiosas que fossem, eram infinitamente insuficientes para lavar aquela dor.

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